quarta-feira, abril 19, 2006

Enterro


Abro a gaveta
Onde tenho guardadas
Todas as coisas
De vidas passadas
São vidas e vidas
Vividas numa só
Vivi tanta coisa
Mas estou tão só
Pego numa caixa
De papelão
Deito-lhe lá dentro
Cada recordação
Não quero deixar
Nada guardado
A não ser algo
Que não me tenha magoado
Coisas e coisinhas
São tantas, carradas
E ao vê-las
Dou algumas risadas
Namoros, amigos
Fotos sem parar
Algumas guardo
Outras vou rasgar
Poemas, moradas
Telefones, anéis
Alguns vão para o lixo
Outros guardo com papéis
Papéis escritos
Outros riscados
Coisas que escrevi
Em dias marados
A gaveta assim fica
Sem vida, vazia
É o enterro
Das coisas do dia a dia

1 comentário:

Paula NoGuerra disse...

Sabes o que quero fazer agora???
DEITAR ESSA GAVETA FORA... ou esse cartão cheio dessas lembranças...
Estou cansada de estar cansada...
Estou triste de estar triste...
Estou sensivel de me sentir sensivel...
Tu entendes-me não me entendes??
A minha vida não tem sido fácil e ach que tem chegar o MEU momento...
Não me importo das coisas "más" mas sinto a falta de me sentir bem com quem sou. De estar em paz comigo mesma...